"Em Julho de 2020, recebi uma proposta de emprego no interior de São Paulo, quem me conhece, sabe como seria difícil deixar minha Família e ir para tão longe, mas antes de tudo pedi a Deus para colocar no meu coração aquilo que era para ser feito, e assim, decidi ir. Fui primeiro, e logo em seguida o meu esposo foi. Planejamos ficar por pelo menos 02 anos e depois voltar para Minas. Mas os planos de Deus, nem sempre são como os nossos! Eu e meu marido estávamos trabalhando, e 3 meses depois descobrimos que eu estava grávida. Foi uma mistura de sentimentos, por um lado um susto e o medo, pois tinha pouquíssimo tempo que eu estava trabalhando. Por outro lado, sempre tive vontade de ser Mãe, mas pedia a Deus que me desse um filho quando Ele achasse que eu estaria preparada, sendo assim, acalmei meu coração e aceitei que aquela era a hora, e que a vontade de Deus se cumpriu em mim. Apesar de ser uma gestação de alto risco, estava sendo muito tranquila. Porém em um ultrassom que fiz com 24 semanas, deu uma alteração, e a médica me orientou a procurar o UPA naquela mesma hora, pediu para que eu não deixasse para o outro dia. Eu tinha um colega que trabalhava na UNICAMP, e ele me orientou que eu fosse direto para o hospital de lá, que era referência da América Latina em gestação de alto risco. Arrumei uma bolsa e fomos para lá. Chegando lá fiz vários exames, e não me esqueço do que o médico me disse, que a minha placenta não estava nutrindo o meu bebê, que ele estava muito pequenininho e que ele poderia a qualquer momento entrar em sofrimento fetal, evoluindo para óbito. Mas mesmo ouvindo aquilo, eu sentia uma paz no meu coração, dizendo que eu só tivesse fé. O médico me disse, que provavelmente meu bebê seria prematuro, mas que ele iria tentar segurar o máximo para não tirar ele naquele momento, porque ele era um bebê muito pequenininho e que provavelmente a chance de vida dele seria mínima. Comecei a rezar e pedir para Deus que fizesse o que fosse melhor para meu filho, e que nos desse sabedoria e discernimento para entendermos o que fosse sua vontade. Sempre pedia também a intercessão de Maria e Santa Rita, que como Mães me ajudasse a ter força e muita fé. No dia 14 de Maio de 2021, o meu médico veio me falar o que eu mais temia ouvir naqueles dias, que havia chegado o momento de "interromper" minha gestação sendo necessário uma cesárea de urgência, e como eu já estava em jejum, eles já me levariam para o bloco cirúrgico. Em uma conversa com a pediatra que estaria no momento do parto, ela me disse que como meu bebê era muito pequeno, poderia ser que ele não choraria ao nascer, mas eu como Mãe, senti que o que ela queria me dizer era que meu neném poderia nascer morto. Enquanto eles me preparava para o parto, pedi para Deus que Ele segurasse nas mãos de cada profissional daquela sala, e que se cumprisse a sua vontade em mim e em meu filho. Pedi a Nossa Senhora para segurar em uma de minhas mãos e também nas mãos de meu marido Ismael que também estava ali do meu lado. E que Santa Rita colocasse suas mãos em minha cabeça para que minha mente surpotasse tudo que eu estava vivendo, sem que minha fé fraquejasse. Rafael, nasceu às 16:56 da tarde, de 26 semanas (6 meses), pesando 474 gramas, e para a honra e Glória de Deus ele chorou ao nascer! Quando eu ouvi o seu chorinho, apesar de tão pequeno, e de a medicina considerar quase impossível ele viver, aquele momento Deus falou ao meu coração que iria ser uma luta dali em diante, mas que nós iríamos vencer, e em nenhum momento ele nos deixaria. A pediatra da UTI neonatal, disse que não poderia me dizer que ele sairia bem do hospital, que ele foi o menor bebê que havia nascido ali, e além de tudo, poderia ter muitas sequelas devido a prematuridade extrema, mas eu disse que seria conforme a vontade de Deus, que do jeito que ele me desse o meu filho eu queria, que ele iria me capacitar para cuidar dele como ele tivesse que sair daquele hospital. E dali em diante foram longos 100 dias de internação, onde todos os dias eu saia da cidade onde eu morava para onde ele estava internado, para ficar com ele e levar o meu leite para que ele alimentasse. Quem é mãe de UTI sabe o quão é difícil suportar tantas coisas, só Deus sabe das nossas angústias, confesso que houve momentos que pensei que não aguentaria, mas Deus e minhas intercessoras (Maria e Santa Rita) sempre estavam ali para me sustentar e reerguer. No dia 27/08/21, recebemos a tão sonhada alta. Levamos nosso Rafael para casa, e lá recebemos ele com muito amor e carinho. Tempos depois, voltamos para Minas, prometi, que assim que chegássemos aqui o primeiro lugar que meu filho iria entrar seria no santíssimo da igreja de Santa Rita, que seria apresentado ao Senhor nessa mesma igreja, e que enquanto estivesse em meu alcance levaria ele sempre na procissão vestido de preto, como forma de agradecimento pela sua intercessão milagrosa. Viver a prematuridade, é viver um dia após o outro, sem pressa que seu bebê cresça, engorde ou até mesmo ande, sente ou fale. Para nós, isso é o de menos, pois o mais importante é que apesar de tudo que passamos, ele hoje está aqui forte, saudável, se desenvolvendo no tempinho dele mesmo, o restante Deus acrescentará ao longo de sua vida. E de uma coisa não tenho dúvidas, o que nos sustentou foi muita, mas muita oração de TODOS os nossos familiares, amigos e conhecidos. Gratidão à Deus, Nossa Senhora, Santa Rita de Cássia e a todos vocês que oraram por nós."
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